Pesquisar

domingo, 31 de agosto de 2008

39- Ostomizada...

A confecção do estoma (colostomia)



Expliquei sobre a colostomia, mas alguns detalhes vocês não encontrarão em livro nenhum. Só a prática faz o entendimento nesse caso. Esses detalhes chegam a ser inclusive constrangedores, mas sinto necessidade desse relato e creio que para quem ainda não conhece direito sobre o assunto será muito bom ler isso. Aliás, é a função desse blog. A primeira coisa que gostaria de dizer é a questão da limpeza da bolsa.

Vejam... a bolsa possui uma placa adesiva com um buraco no meio. Algumas já vêem com o buraco cortado no tamanho certo do estoma e outras, você mesmo corta, que era o modelo da minha. E existem bolsas de uma só peça e de duas peças, que era o meu caso. A de uma peça, a placa e a bolsa são uma coisa só. A de duas peças, você cola a placa, depois encaixa a bolsa. Serve para você fazer uma higiene melhor, diariamente, e controlar para ver se está tudo bem, principalmente no início de uso, logo após a cirurgia.

http://www.bhj.org

Disseram no hospital que o normal é você sentar no vaso sanitário, abrir as pernas, abrir a bolsa e liberar o conteúdo para que caia dentro do vaso. Depois, algumas pessoas usam uma garrafa com água e vão colocando água dentro da bolsa pela abertura em que as fezes saíram, e vão lavando dessa maneira por dentro da bolsa até que a água saia limpa. Eu não podia fazer dessa forma. Não sou uma pessoa magra e essa posição não me favorecia. Minha médica havia me ensinado da seguinte forma: esvaziar a bolsa dentro de um recipiente que eu deixaria somente para aquele uso. Encheria a bolsa com a água, direto da torneira da pia e esvaziaria nesse recipiente. Faria isso até limpar bem a bolsa. Iria até o vaso, despejaria tudo lá e pronto. Lavava o recipiente e esperava para fazer tudo novamente.

E admito aqui que, por várias vezes fiz muita sujeira. Principalmente quando a bolsa enchia muito de gases e, quando abria, saia tudo de uma vez só pela pressão. Isso acontecia geralmente de madrugada, quando acordava com a bolsa quase “estourando”. Foram algumas madrugadas limpando banheiro... Fui me virando bem dessa forma, até o dia em que precisei sair e não sabia como agir em um banheiro público. Imaginem minha situação... Com o tempo fui me adaptando melhor e descobrindo formas de lidar com tudo isso, mas até chegar nesse ponto, sofri um pouco, e, prá ser sincera, ainda sofro. E agora falo de sofrimento físico, de dor. Hoje não uso mais o recipiente porque esvazio a bolsa diretamente no vaso sanitário. Mas para que as fezes não caiam e respinguem água para cima, necessito ajoelhar e jogar um pedaço de papel higiênico no vaso antes. E, ainda nessa posição, uso a ducha higiênica para lavar a bolsa e me molho algumas vezes. Mas essa posição é difícil por alguns motivos. Primeiro pelo esforço no abdômen e também porque de joelhos, não há orgulho que resista...

Meu intestino costuma, quando estou em dias normais, funcionar a partir das 16h. Digo “a partir” porque, como o estoma não possui um esfíncter (músculo que controla a saída das fezes pelo ânus), as fezes vão saindo aos poucos. E aí costumo evacuar, aos poucos, até por volta das 22h. Num belo dia atípico (estava chateada) estava eu na faculdade de manhã... Adivinhem? Meu intestino resolveu funcionar! E não foi aos poucos, foi de uma vez só. E diarréia pura. A bolsa pesava. Precisava esvaziá-la a qualquer custo. Mas os banheiros da faculdade são “indecentes” de sujos. Mal cabe uma pessoa dentro de cada box e vivem imundos, com as lixeiras transbordando de papel sujo e os vasos davam a impressão que não viam água há dias. Criei coragem, fui até a secretaria, e pedi para falar com a pessoa responsável por essa área. Mostrei minha bolsa por baixo da camisa, assumi (pela primeira vez) que era deficiente física e que precisava usar, com urgência, um banheiro diferenciado. Na mesma hora fui atendida e levada ao banheiro dos funcionários. Na semana seguinte construíram um box para deficientes físicos no banheiro do meu prédio, no primeiro andar.

Sim, o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004 classifica os ostomizados como deficientes físicos. Mas até eu admitir isso demorou muito. Claro que tenho necessidades especiais e não posso fazer de tudo que fazia antes, mas daí a ser deficiente? Nesse dia, quando precisei usar dessa prerrogativa, resolvi que era melhor, prá mim mesma, assumir essa questão logo. Mas isso é uma outra história, que merece um capítulo à parte.

Voltando aos meus dias iniciais de ostomizada...

A primeira troca de bolsa que fiz, foi super tranqüila. Claro que fiquei nervosa e apreensiva, mas deu tudo certo. E a bolsa durou por 4 dias! A partir daí, não tive mais problemas quanto a isso. Preciso agora entrar em um novo relato...

Saí do hospital no dia 05 de abril, realizei essas trocas relatadas acima e saí de casa por 3 vezes: consultório da médica para revisão da cirurgia; hospital para a troca da bolsa; e enfermeira da Secretaria de Saúde onde distribuem as bolsas gratuitamente. Isso tudo entre os dias 05 e 20 de abril. No dia 19 foi o meu aniversário, não recebi muitas visitas, pois foi um desejo meu, e não precisei atender nenhum telefonema com a desculpa de que estava de repouso (nunca gostei do dia do meu aniversário).

No dia 21 de abril, feriado, fiquei lendo uma boa parte do dia, depois assisti TV. No final da tarde, quando levantei para ir até a janela fumar (lembram? Eu fumo...), comecei a sentir dor na perna esquerda. De imediato pensei que tinha ficado deitada em cima da perna e isso foi feito de mal jeito. Estava me habituando a ficar deitada de lado, pois de barriga para cima, as costas doíam muito por causa das hérnias e da sacroileíte. Terminei de fumar e deitei novamente. Passou-se um tempo, coisa de meia hora, a perna começou a doer de novo. Mas eu não estava deitada para o lado esquerdo. Achei estranho, levantei, fui até o banheiro esvaziar a bolsa e deitei novamente. E nada da dor melhorar. Era uma dor dentro da perna, não parecia dor muscular. Levantei e fui fumar de novo (o cigarro me acalmava). Estava tão saturada de dor, que comecei a ficar chateada. Já não bastavam as dores normais, e tinha mais essa agora? Enquanto estava em pé, na janela, a perna começou a doer mais que antes. Mas mais mesmo! Tanto que não consegui ficar lá e terminar o cigarro. Apaguei no cinzeiro e voltei rápido para a cama. Queria esticar a perna para ver se aliviava. Sentei na cama e estiquei a perna, na tentativa de fazer uma massagem, mesmo sem conseguir me “dobrar” ainda por causa da cirurgia. Quando levei a mão até a perna e olhei, minha perna estava roxa! Escura! E grossa, mais grossa que a outra. E aí o conhecimento do curso de Enfermagem me valeu. Deitei, coloquei uns travesseiros embaixo da perna, cobri com o lençol e chamei por minha mãe. Quando ela chegou, pedi calmamente que ligasse para a médica e dissesse que eu estava com dores na perna esquerda, muito fortes, e que a perna estava escurecendo. Que eu estava desconfiada de uma trombose. Na mesma hora ela foi ao telefone. Pronto, fui voando para o hospital. E desde então, procurava respirar fundo e não ficar pensando. Sabia que quando parasse para raciocinar ia entrar em um processo de inconformação muito grande. Me conheço!

Volto no próximo post detalhando esse relato da trombose...

Bjim!

*************************************

domingo, 24 de agosto de 2008

38- A Cirurgia

Então... vamos à explicação da cirurgia, que segundo minha médica, não foi fácil.

Ela me "abriu" e encontrou duas situações urgentes. Houve uma perfuração do intestino (no cólon sigmóide) e minha cavidade pélvica estava completamente tomada por líquidos e fezes. Foi necessário drenar tudo, com cuidado, pois vários órgãos seriam tocados e afastados para a limpeza. Nesse líquido estava a tal "coleção" vista nos exames. Segundo ela era bem grande e a principal causa das dores fortes que senti.

Após isso, começou o trabalho para remover o cólon sigmóide. Mas a situação estava bem pior do que ela supunha. O sigmóide estava necrosado sim, mas o reto também. Não havia a menor possibilidade de uma colostomia provisória. Ela só ficou tranqüila porque, independente disso, eu havia optado pela definitiva. Segundo seu relato, a alça do sigmóide havia estourado provocando o vazamento para a cavidade pélvica. E eu estava sem o reto!

Foi nesse momento que fiquei sabendo que a cirurgia demorou muito mais que o esperado, que meus pais e meu bebê ficaram ansiosos demais e que eu participei de alguns momentos da cirurgia mas que, por causa da anestesia, claro que eu não me lembrava de nada. Ela havia me mostrado, na hora da retirada, o sigmóide e o reto e a coleção de pûs. Como eu gostaria de lembrar...

Para encerrar a conversa, ela me disse que a febre era devido à infecção na pelve e cavidade abdominal, à formação da coleção e que essa infecção já estava espalhando. Mais umas 24 horas e eu corria o risco de ter uma septicemia (infecção generalizada). Isso me levaria a óbito rapidinho.

Resumindo foi isso. Estava com os medicamentos normais, acrescentando um anti-coagulante, um antibiótico, um protetor para o estômago e um "sossega leão" para dormir. O anti-coagulante e o protetor para o estômago eram aplicados (injetados) em minha barriga.

Comecei a me movimentar mais. Ia ao banheiro sozinha (arrastando o soro), aprendi a limpar a bolsa no banheiro e já tomava meu banho como gostava (não suporto ficar sem banho, sem desodorante e sem perfume). Ficava sentada na poltrona alguns momentos ou com a cabeceira da cama bem elevada, quase em 90º. Os exercícios respiratórios foram tranqüilos, sem dificuldades.

Recebi poucas visitas, porque essa havia sido a minha vontade. Meu padrinho, uma tia que considero muito, a “titia” (claro), uma prima estudante de medicina, o panda, um amigo de meu bebê, poucos amigos de meus pais, e uma amiga da faculdade.

Como foi uma cirurgia de grande porte, a gente fica de um jeito diferente. Como se Deus tivesse dado outra chance prá viver mais. Numa cirurgia de grande porte, o risco de algo dar errado é muito grande. E eu quase tive septicemia! E esses dias em que fiquei no hospital, e até hoje, posso dizer, fico pensando em muitas coisas. Se aquela ainda não tinha sido a minha hora de partir desse plano, porque então eu precisava continuar? Ainda era necessário passar por mais provas? Quantas delas? Quantos sofrimentos a mais?

Sabem por que isso me deprimia? Porque, como acredito em reencarnação e lei de causa e efeito, se estou sofrendo é porque tem um motivo. E não foi pelo fato de ter feito coisas boas no passado, óbvio... Meu Deus! Então devo ter feito muita coisa ruim! Não é que não queria mais viver... perdi a vontade de lutar por muitas coisas sim, pretendo falar disso mais à frente, se conseguir. Mas não queria mais viver sofrendo, só sofrendo... queria um descanso nisso tudo... queria levar uma vida normal... queria minha vida de volta!

Foi uma avalanche tão grande de sentimentos... vou tentar relatar os que tiveram peso maior nesse momento pós-cirúrgico... eu ficava muito tempo acordada à noite, apesar dos remédios. Era muita coisa na cabeça e meu espírito precisava pensar para encontrar respostas e se acalmar. E à noite era ótimo. Silêncio absoluto, nenhum funcionário entrando no apartamento, e quem me acompanhava, qualquer um que fosse, sempre dormia profundamente. Eu poderia até ter soluçado no choro que nenhum deles acordaria, mas preferia não arriscar e, como sempre, chorei “prá dentro”.

Meu primeiro pensamento foi prá minha filha... e tenho muito medo de como ela vai reagir ao ler isso aqui... mas vamos lá... comecei a relembrar tudo... desde que soube que ela viria ao mundo... e me senti uma péssima mãe! Vejam como minha cabeça raciocinou... não dei a ela uma chance de ter um pai presente, pois quando ela nasceu, eu já estava separada. Tive que submetê-la a morar com os avós, porque não tinha como sustentar nós duas. Dormíamos no mesmo quarto e com isso ela perdeu toda a liberdade que um dia poderia ter tido. Mesmo tendo um quarto só seu na adolescência, não bastava que eu respeitasse seus momentos, suas necessidades, seus sentimentos. Ela não podia sair, ir na casa dos amigos, passear, ir às festas, porque eu não tinha carro para ir buscá-la à noite. Ela dependia sempre de carona. E o que era pior: como se não bastasse ter feito ela passar por tudo isso, eu ainda não sabia conversar. Tentava, mas pela reação dela, falhava na maioria das vezes. E em outras oportunidades, não podia me dedicar a ela como deveria. Não podia sair muito por causa das evacuações, ficava às vezes deitada por causa de cólicas. E ela ainda teve que presenciar a noite em que passei mal... isso realmente não era justo para com ela. E ainda não é. Continuo limitada. Só penso em um dia poder resgatar isso com ela. Meu sonho era ter uma filha que quisesse ser minha amiga, que não se envergonhasse de mim, que sentisse vontade de me envolver em seus problemas. Enfim, isso me tirava o sono. Os outros assuntos, pude pensar com mais calma depois que saí do hospital. Mais adiante retomo isso.

Recapitulando... minha cirurgia foi no dia 30 de março, saí do CTI no dia 01 de abril e, no dia 05 estava recebendo alta. Os dados do sumário de alta:

“Antibioticoterapia. Retossigmoidectomia anterior com fechamento do coto retal ao nível do assoalho pélvico e colostomia definitiva em cólon esquerdo.”

Fui para casa sabendo que ia enfrentar ainda o passo mais difícil: a troca da bolsa de colostomia. No hospital trocavam para mim. Ou minha médica ou uma enfermeira. Saí de lá com o pedido para procurar uma estomaterapeuta, que ia em casa, de graça. Era representante de uma marca que fabricava bolsas. Ela ensinava a cuidar e indicava o melhor tipo de bolsa para o caso. Pedi minha mãe que marcasse com ela. Ela apareceu, fez a troca, me explicou alguns detalhes e se foi. Hoje eu sei que a troca de bolsa é algo simples, mas nessa época, mesmo com os estágios que havia feito no curso de enfermagem, estava morrendo de medo. Estava achando que poderia fazer algo de errado e fiquei muito insegura. Para a minha sorte, pouco tempo após a visita da enfermeira, estava marcado meu retorno no consultório da minha médica. Claro que ia aproveitar para que ela fizesse a troca. Ia tirar a atual para ver o estoma mesmo... me livrei de mais uma. Mas nessa consulta, o exame mostrou que eu estava com taquicardia e pressão baixa (80 / 50 mmg). Disse que minha albumina estava super baixa no hospital (1,9) e minha hemoglobina também estava baixa (8,6).

Reiniciamos o corticóide (20 mg/dia)...

Dois dias depois, a bolsa descolou e começou a vazar. Ainda não tinha conseguido pegar as bolsas de graça pela Secretaria de Estado da Saúde. Era necessário passar antes pela avaliação de uma enfermeira e estava marcada prá daí a alguns dias. E se eu fosse ficar comprando a bolsa que a estomaterapeuta indicou (e que realmente era a melhor), teria que pedir dinheiro emprestado, pois a bolsa era caríssima. Fui então até o hospital, no Pronto Atendimento, e pedi para fazerem a troca para mim. Aleguei que a cirurgia era muito recente e que eu ainda não conseguia. E como ela descolou, teria que fazer a troca antes do dia marcado com a enfermeira. Eles aceitaram e fizeram a troca.

E realmente, dois dias depois, seria minha consulta com a enfermeira da Secretaria para avaliar o tipo e quantidade de bolsa que eu poderia pegar mensalmente, de graça. E foi somente nessa consulta que minha ficha caiu. Estava ostomizada e seria ostomizada para o resto da minha vida. Era hora de encarar essa questão e assumir o controle disso em minha vida. A enfermeira ia falando e me mostrando os detalhes de tudo. Prestei bastante atenção. Quando ela terminou, perguntou como eu estava lidando com aquela nova realidade. Foi aí que lembrei que ainda não tinha pensado no assunto pelo prisma da realidade.


Saí de lá meio atônita. Não estava participando da história de um paciente que eu teria que cuidar... era a minha história! As dores eram reais, o estoma era real, a bolsa era real, as fezes eram reais... claro que minha vida ia mudar... e muito!

********************************

terça-feira, 19 de agosto de 2008

37- Sem Dores, e sem Alguns "Pedaços"...


Já era noite. Eu havia "apagado" cedo com a anestesia e só havia despertado à noite (no CTI). E ainda estava sonolenta. Passei aquela noite acordada por mais tempo que dormindo. Observava tudo ao meu redor e cada detalhe meu. Todos os medicamentos que me davam, dosagem, tudo. Sabia também que tinha três colegas da faculdade que trabalhavam naquele CTI, que por sua vez tinha umas 6 alas. Pedi que procurassem por eles para mim. Só um estava no plantão daquela noite. Ele veio, conversamos bastante. Pedi que bisbilhotasse no meu prontuário como meu organismo estava reagindo: débito urinário (volume da urina), o dreno, pressão arterial, tudo que ele conseguisse. Voltou dizendo que estava tudo bem, dentro da normalidade, que eu podia dormir que no dia seguinte os médicos conversariam comigo.

Pedi para molharem minha boca, que estava muito seca. Sabia que não podia tomar água ainda por causa da anestesia, mas eles me deram um copo com um pouquinho de água e gazes limpas para que eu molhasse na água e passasse na boca. Acordei no dia seguinte na hora da troca de plantão dos funcionários. Minha médica chegou nesse momento. Estava alegre, disse que a cirurgia tinha sido muito boa e que, se tudo corresse bem, no dia seguinte eu voltaria para o quarto... affff.... mais um dia inteiro no CTI! Ela me examinou, olhou tudo e disse que entraria em cirurgia aquela hora, mas que depois me diria os detalhes da cirurgia. E que eu agora era uma ostomizada definitiva!

Vou mostrar a transcrição da cirurgia, mas só tive noção desses dados e detalhes meses depois:

RETOSSIGMOIDECTOMIA ABDOMINAL.
Anestesia geral balanceada.


INDICAÇÃO
: abcesso pélvico por necrose de reto secundário à doença de Crohn.

TÉCNICA
: laparotomia mediana ampla. Grande processo inflamatório na pelve com bloqueio local realizado por íleo terminal, útero, apêndice cecal e sacro. Iniciamos dissecção do cólon sigmóide e do reto, com ligadura dos vasos mesentéricos interiores na raiz. Identificamos ureter esquerdo e seguimos a dissecção ao assoalho pélvico. Havia necrose da parede posterior do reto à direita, com pus e secreção fecal na pelve. Seccionamos o reto junto à musculatura do assoalho pélvico e fechamos o coto reto-distal em plano único. Liberamos o ângulo esplênico e soltamos parcialmente o cólon transverso esquerdo. Realizamos a colostomia terminal em quadrante superior esquerdo do abdômen. O cólon está muito doente com espessamento importante da parede e do mesocólon e estenose parcial da luz. Não foi possível maturar a colostomia. Revisão da hemostasia e limpeza da pelve e da cavidade. Fechamento do retroperitônio. Posicionamento da sonda nasogástrica. Fechamento da parede abdominal. Encaminhada ao CTI.”

Como ela disse que eu estava bem, comecei a abusar um pouco da água. Comecei a espremer a gaze cheia de água dentro da boca. Em poucos minutos o copo estava vazio. Alguns pacientes começaram a tomar café. Eu não sentia fome. O soro alimentava bem. Mas a sede era quase insuportável!

Ai vieram me dar banho de leito. Uma bacia com água, uma toalha, sabão e roupa de cama seca. Sabia perfeitamente como era esse procedimento. Pedi que não o fizessem em mim. Preferia ficar 2 dias sem banho do que passar por aquilo. Havia tomado banho no dia anterior, antes da cirurgia. Estava sem banho há 24 horas e achava que agüentaria mais 24 horas se preciso fosse. Não gostaria de virar na cama para um banho mal dado. Pedi que limpassem minhas “partes íntimas”, minha barriga que estava toda suja de iodo e me lavassem as mãos e escovassem meus dentes. Na minha barriga estavam a bolsa de colostomia, o dreno, a cicatriz da cirurgia, que ia da pelve, onde tenho a cicatriz da cesariana, até uns 15 cm acima do umbigo, bem no meio da barriga, passando na lateral do umbigo. Era até bonitinha. Minha médica é caprichosa...

Na imagem acima, uma ilustração do posicionamento do estoma e da localização da cicatriz. Claro que esse abdomen lisinho e bonitinho não é meu... a imagem é apenas didática!

Durante o dia aconteceram coisas normais de CTI... alguém que piora, outro que acorda, mais um que chega e outro que vai embora. E vozes. Todos os funcionários: técnicos e auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas. Todos conversando como se aquele local fosse uma cozinha e estivessem em constante momento de café. Ouvi cada fofoca!

Durante o dia fui enrolando os funcionários e já comecei a beber água. Ainda bem que estava com sonda na bexiga. Quando estava acordada e sozinha, começava a arriscar uns movimentos. Levantava as pernas, tentava mexer o quadril, levantava o tórax apoiando o cotovelo na cama e mexia bastante os pés. Pedi para levantarem a cabeceira da minha cama para que ficasse mais alta. Queria o pulmão trabalhando bem.

Quando meus pais chegaram para me visitar eu estava no maior papo com a funcionária da enfermagem, quase sentada na cama, com um copo de água na mão. Nem preciso dizer o susto que eles levaram de me ver tão bem. O médico veio conversar e disse que, se minha médica não tivesse prescrito que eu só sairia no dia seguinte, ele me daria alta naquela hora. Eles conversaram um pouco comigo, me adiantaram que a cirurgia demorou muito mais do que o tempo previsto, que minha médica disse que houve umas surpresas durante o procedimento, mas que amanhã contaria os detalhes. Estava super ansiosa para saber.

À noite, os outros dois colegas da faculdade vieram me ver. Conversamos até. Bebi água demais! Despediram porque tinham muito trabalho naquela noite, pois os CTI’s estavam bem cheios, mas prometeram voltar depois. Tomei meus remédios, inclusive um que me ajudaria a dormir. Acordei pela madrugada, vi alguns funcionários trabalhando, pedi água e dormi novamente. Acordei pela manhã, e estava com fome! Minha Anja apareceu e autorizou que eu tomasse um suco. Preencheu minha alta do CTI e fiquei esperando me levarem pro quarto.

Aí veio a hora dolorosa. Queriam me passar para outra maca, que era mais alta que a cama em que eu estava. Como não sou, nem nunca fui magra, sabia que a dificuldade seria grande. Sugeri aos rapazes que me ajudassem a ficar em pé, seria mais fácil. Eles adoraram a idéia, claro. Sentei, esperei um tempo para não ficar tonta. Sentar foi muito difícil. Parecia que dentro de mim estava tudo remexido. Doía demais! Quando levantei, disse a eles que, já que eu havia conseguido ficar sentada, por que eles não me levavam em cadeira de rodas. Seria mais fácil prá todo mundo. Tudo que eu desejava era me recuperar bem rápido e tomar um banho em pé. Precisava começar a me esforçar.

Quando saí do CTI, minha mãe estava a minha espera e não acreditou que eu estivesse sentada. Queria brigar comigo, mas estava feliz de ver que eu estava bem. Fomos para o apartamento. Como eu ia precisar ficar grande parte do dia com a cabeceira bem elevada, pedi um apartamento com aquelas camas automáticas, modernas. Sabia que quem ficaria rodando aquela manivela no pé da cama o tempo todo seria minha mãe, que tinha sérios problemas de coluna. E como aquele hospital possuía vários apartamentos com camas modernas, não hesitei em fazer esse pedido. Foi ótimo! Logo depois meu pai chegou com meu bebê. Eu estava cansada por causa do esforço físico, mas estava muito feliz por tudo ter dado certo até aquele momento.

Pedi à enfermeira responsável pelo setor, que por sinal é um amor de pessoa, um exemplo para eu seguir quando me formar, que me emprestasse uma técnica que estivesse liberada mais tarde, para me ajudar a tomar um banho. E pedi que retirassem a sonda porque queria fazer meu próximo xixi no banheiro. Se eu não conseguisse, tinha o recurso da comadre. Não queria ficar com ela mais tempo. Já tinha domínio do meu esfíncter e poderia controlar a vontade de fazer xixi, e o risco de se ter uma infecção por causa da sonda é bastante grande. Então ela mesma retirou, o que para mim, já foi um alívio.

Continuava no soro e com o dreno, que eu mesma já mensurava e arrumava. Por causa dessa minhas mexeções, senti meu intestino soltando gases. Isso era ótimo! A bolsa estava ficando mais gordinha com os gases, mas aí pensei... para esvaziá-la, como seria? Na cama mesmo e o cheiro ficaria ali, pairando no ar e no nariz de quem estivesse comigo? A técnica veio e abriu a bolsa para a retirada do ar e saiu um pouco de fezes líquidas. Mediu o volume do dreno, anotou tudo e foi embora.

Minha médica chegou e disse que, como eu já havia evacuado, mesmo com as fezes líquidas, entraríamos na dieta já pastosa. Comecei com um mingau (adoro!) e, à noite, tomei uma sopa pastosa. Foi a melhor comida da minha vida! Estava começando a me alimentar novamente. Enquanto isso era providenciado ela sentou para explicar a cirurgia, após ter me examinado e comprovado que eu estava ótima, melhor que o esperado.

Deixo a explicação da cirurgia para o próximo post, mas adianto a vocês que minha recuperação foi muito rápida. A maioria dos pacientes que se submetem a uma laparotomia saem do CTI ainda bem fracos e com uma recuperação lenta.

Graças a Deus correu tudo bem...

****************************************

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

36- Dia Marcante: 30 de março de 2006

Dando continuidade ao post anterior, o atestado que solicitei à minha médica era necessário pois o prazo de trancamento da matrícula já havia terminado. Pedi minha mãe que fosse até a faculdade para cuidar de tudo para mim. Sei que devia me preocupar com a saúde unicamente naquele momento, mas era um sonho que eu estava parando. E olha que tive que ter muita coragem para tomar essa decisão. Os dizeres do relatório:

“Atesto, para fins de comprovação escolar, que a paciente encontra-se internada neste hospital, desde o dia 27/03/2006 em tratamento de doença de Crohn complicada. No momento não há previsão de alta hospitalar. Segue em propedêutica e terapêutica adequadas.”

O trancamento da matrícula foi tranqüilo, segundo minha mãe, apesar de ter andado por toda a faculdade para resolver isso. Fiquei mais calma por ter resolvido, mas triste e abalada por sentir que perdia mais um semestre.

No dia 29, minha médica foi até o quarto e conversou comigo. Meu pai estava lá também. Disse que analisaram os exames, pediu opinião de colegas da área, e realmente eu teria que fazer uma cirurgia. Ela não sabia ao certo como meu intestino estaria, mas com certeza seria necessário uma intervenção cirúrgica e a retirada de uma parte do intestino. Quando questionei que parte seria essa, ela disse que o sigmóide estava comprometido já há algum tempo, conforme as retossigmóidoscopias realizadas no consultório durante as consultas e que, pela experiência que tinha juntamente com os exames, ela tinha quase certeza que ele estava necrosado. Essa notícia foi um choque. Necrosado... Morto...

Ela continuou e disse que tinha duas opções na cirurgia: tirar o sigmóide, fazer uma colostomia por um tempo e depois fazer a reversão, religando o cólon descendente ao reto, ou faríamos logo uma colostomia definitiva. A definitiva poderia me proporcionar uma qualidade de vida melhor, sem as desesperadoras idas ao banheiro e as cólicas terríveis. Pedi para pensar um pouco. Era uma decisão difícil de ser tomada. Vou explicar a vocês o que vem a ser uma colostomia.

"Ostomia" é uma ligação de um órgão à pele, por motivos diversos. A traqueostomia liga a traquéia, a ileostomia liga o íleo, a gastrostomia liga o estômago. No meu caso, haveria a ligação do cólon descendente à parede abdominal. Por isso o nome ser colostomia. Com a colostomia, as fezes sairiam pelo final do cólon ligado à minha barriga, em uma bolsa própria que era colada na pele ao redor do estoma, que é o pedaço exposto do intestino na barriga. Essas imagens podem ajudar a entender...








E nessa imagem abaixo uma visão lateral para melhor entendimento.



Com a colostomia definitiva eu não precisaria mais ficar preocupada em usar o banheiro inesperadamente quando estivesse fora de casa. A bolsa encheria e seria só esvaziá-la depois. Claro que eu sabia que seria necessário um período de adaptação, mas estava pensando a longo prazo, para o resto da vida. Se eu optasse pela colostomia temporária, teria que fazer nova cirurgia para a reversão e continuaria com o mesmo estilo de vida, já que eu só iria tirar um pedaço pequeno do intestino grosso, e sabia que meu Crohn atacava todo o grosso e o pedaço final do delgado.

Intimamente já sabia que preferia a definitiva, mas fui conversar com meu pai para explicar melhor o que era a colostomia. Ele é terapêuta holístico e me disse que, cada pedaço que tiramos do nosso corpo, ele (o corpo) sente falta. Que cada um tem uma função e a retirada promove um desequilíbrio. Mas como não tinha opção, que a decisão do tipo de colostomia cabia a mim. E que ele e minha mãe me apoiariam no que eu decidisse. Coincidentemente ele encontrou no corredor do hospital a professora dele de Cinesiologia, que por sinal é mãe de um amigo meu. Eles conversaram e ela fez um teste energético em mim, com as mãos no ar, em cima da minha barriga. Segundo eles, o resultado do teste na região do sigmóide foi que ali não havia mais energia. Posso estar falando tudo errado, mas foi o que entendi.

Minha médica voltou e disse a ela que decidira pela colostomia definitiva. Ela me apoiou e disse que a decisão foi sábia. A cirurgia seria na manhã seguinte e que a anestesiologista viria conversar comigo. Quando ela saiu, disse a meu pai que queria dormir um pouco. Ele foi ler e eu virei-me na cama, em direção oposta a ele. E chorei. Sabia fazer isso em silêncio absoluto, já estava acostumada. Seria uma cirurgia de grande porte, praticamente uma Laparotomia Exploratória, porque não se tinha 100% de certeza do que estava acontecendo lá dentro.

E o líquido na cavidade que o exame acusou? Comecei a rezar e pedir a Deus que tudo fosse encaminhado da melhor forma e que me desse força prá enfrentar aquele momento sem desânimo. Tinha medo, claro, mas nem tanto da cirurgia, mas da anestesia. Vi coisas terríveis nesse sentido nos estágios em Bloco Cirúrgico. Mas estava difícil ficar animada.

A anestesista chegou. Conversei com ela, disse que havia necessidade de tomar cuidado com um dente meu que estava quebrado e seu pedaço somente encaixado. No meio da entubação o pedaço poderia se soltar e cair em minha garganta. Ela me perguntou como eu sabia que esse detalhe era importante e eu disse que fazia Enfermagem nível superior e que já havia passado por estágios em BC. Não a conhecia, mas deixei meu recado dado. Mais tarde minha mãe apareceu com meu bebê. Ela dormiria comigo. Já me deram um remédio para dormir menos nervosa e, na manhã seguinte, logo cedo, vieram me buscar para a cirurgia.

No Bloco estavam a anestesista, minha médica, a colega dela que me ajudou com a internação e outras pessoas que faziam parte da equipe. Após algumas breves explicações, começaram a preparar tudo para o começo da cirurgia. Enquanto isso, um medo grande me invadiu. Fechei os olhos e comecei a rezar. Pedi ajuda aos amigos espirituais para que auxiliassem minha médica o tempo todo e guiassem suas mãos. E pedi ao meu avôzinho que me amparasse e ficasse comigo. Comecei a me acalmar. Fazia bem conversar com meu vô (ele faleceu quando eu fiz 1 ano). Então vi que estava na hora de me “apagarem”. Desejei boa sorte a todos e não me lembro de mais nada. Apaguei realmente...

Abri os olhos. Vi aquele tanto de cama ao meu redor. Vi também aqueles aparelhos complicados. A ficha caiu. Estava no CTI. Recordava desses detalhes de quando estagiei em um. Aí lembrei também do motivo que estava ali. Imediatamente levei a mão até minha barriga. Ainda estava ”grogue”, mas pude perceber aquele volume da bolsa na minha barriga. Levantei a coberta e aquela camisola constrangedora. Vi a bolsa na minha barriga e a mangueira do dreno saindo de outro ponto da barriga. Quando abaixei a coberta, vi que a técnica de enfermagem tinha vindo me ver, atraída pelo meu movimento. Dei um sorriso tão grande! Eu estava viva!

************************

terça-feira, 5 de agosto de 2008

35- Resultados com a Alma ainda Doída...

Continuando o post anterior...

Era final de março de 2006 e eu estava providenciando a internação após exames exaustivos...

Para minha surpresa, novamente não haviam apartamentos disponíveis. Isso foi a gota d’água. Dessa vez comecei a chorar sem me preocupar se alguém estava vendo. Poxa! Será que alguma coisa naquele dia poderia dar certo, prá variar?


Fui para a enfermaria, mas pedi à médica, amiga da minha médica, e à minha mãe que resolvessem isso, porque dessa vez queria ficar em apartamento para ter a liberdade de ir e vir ao banheiro e poder descansar, que era tudo que eu mais queria naquele momento. Conseguiram um apartamento para mim e fiquei mais tranqüila. Vou repassar os resultados dos exames para que vocês entendam o que aconteceu daqui para frente. Primeiramente a tomografia:

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ABDOME INFERIOR
TÉCNICA DO EXAME: Exame realizado com Tomógrafo Computadorizado Helicoidal. Foram realizados cortes tomográficos de 5 mm de espessura do abdome inferior desde as cristas ilíacas até a sínfise, após ingestão oral, antes e após a injeção venosa do contraste iodado.
DESCRIÇÃO: Os vários cortes realizados evidenciam: Bexiga de forma e contornos normais, sem evidência de falhas de enchimento. Ureteres permeáveis e de calibre normal. Nota-se densificação difusa da gordura mesentérica. Presença de restos de contraste baritado em topografia da ampola retal, que apresenta-se de contornos internos bastante irregulares e apresentando trajeto que comunica-se com o lúmen vesical. Imagem hipodensa localizada entre o reto e a bexiga, densidade elevada, que capta pobremente o meio de contraste venoso.
IMPRESSÃO:
- provável trajeto fistuloso entre o reto e a bexiga.
- coleção localizada entre o reto e a parede posterior da bexiga.

- densificação difusa da gordura mesentérica.


O que tem de importante nesse exame são esses 3 últimos itens. O trajeto fistuloso e a coleção podiam indicar uma perfuração do intestino. Coleção é um acúmulo de pus. Na verdade, soube depois, essa TC mostrou que eu estava com uma fístula reto-pélvica, o que comprovava a suspeita de uma sepsis pélvica (motivo da febre inclusive).

Pra fechar, vamos ao resultados dos ultrassons:

ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL
FÍGADO: forma, dimensões e contornos usuais, bordas lisas e regulares, textura sólida e homogênea. Padrão vascular intra-hepático de aspecto anatômico.
VIAS BILIARES: ausência de dilatações de vias biliares intra e extra-hepáticas. Hepatocolédoco com calibre médio de 3,3 mm no segmento visibilizado.

VESÍCULA BILIAR: forma e dimensões usuais, parede bem definida, espessura normal. Conteúdo vesicular anecóico, sem evidência de cálculos.

PÂNCREAS: cabeça, corpo e cauda de forma, textura e dimensões dentro do padrão ecográfico normal, sem evidência de lesão cística ou sólida.

RINS: topografia, forma, dimensões, contornos e mobilidade normais. O rim direito me aproximadamente 12,9 x 5,4 cm e o esquerdo 12,4 x 6,3 cm. Área pielo vascular e parênquima preservados e com boa distinção córtico-medular. Ausência de cálculos ou de hidronefrose. Espaços perirenais livres.

BAÇO: de forma e volume usuais, textura homogênea.

AORTA ABDOMINAL: apresenta calibre e contornos normais. Ausência de linfoadenomegalia periaórtica.

BEXIGA: repleta, de forma e contornos usuais, parede normoespessa e conteúdo anecóico. Meatos ureterais livres.

IMPRESSÃO: ausência de alterações ecográficas significativas
.”

ULTRASSONOGRAFIA PELVE
Bexiga com forma, contornos e distensibilidade normais.
Parede vesical normoespessa.

Útero em anteversoflexão, textura miometrial homogênea, contornos lisos e regulares, medindo 8,3 x 3,9 x 5,1 com respectivamente em seus diâmetros longitudinal, antero posterior e transverso. Volume uterino de 86,4 cm3 (valor normal de 25 a 90 cm3).
Eco endometrial compatível com fase do ciclo, medindo 3 mm de espessura.

Coleção hipoecogênica envolvendo o fundo uterino, de limites definidos medindo 6,9 x 2,1 x 2,8 cm nos maiores diâmetros, volume estimado de 21,1 ml.

Pequena quantidade de líquido livre na escavação reto-uterina.

IMPRESSÃO:
• coleção hipoecogênica envolvendo o fundo uterino – abcesso?
• Pequena quantidade de líquido livre na escavação reto-uterina.


Algumas definições que interessam:

Anecóico = sem eco, líquido livre;

Hipoecogênica = uma área de pouca captação da onda enviada.

Enfim, segundo as médicas, o ultrassom pélvico fechou com a tomografia. Ambos acusaram o abcesso e a presença de líquido na cavidade abdominal. Como estava pressentindo que aquela internação iria ser demorada e que, provavelmente teria que me submeter a uma cirurgia, pedi minha médica que fornecesse um atestado. Iria trancar minha matrícula na faculdade...

************************************************