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sexta-feira, 26 de junho de 2009

64- Agosto/2007


Os estágios começaram em agosto/07 e eu estava com muita expectativa e ansiosa. Queria muito que desse certo e que a colostomia não impedisse isso. Na verdade, precisava provar a mim mesma que dava para levar uma vida normal, apesar de ser ostomizada.

Pela manhã, ia aos estágios do 7º período, que começaram pelos Centros de Saúde. Como as professoras já me conheciam e sabiam que parei o estágio em função de uma obstrução, que fui operada às pressas e fiquei ostomizada, elas pegaram super leve comigo. Achei isso muito bacana. Em contra-partida dediquei-me ao máximo em tudo que fazia, seja na prática ou na teoria.

No estágio da tarde, referente ao 9º e último período do curso, peguei uma orientadora já conhecida (o que facilitou bastante minha vida) e o estágio era na Sala de Curativos do IPSEMG. O grupo ficou dividido por minha causa, pois as outras meninas faziam o estágio pela manhã e eu fazia à tarde. Com isso, consegui convencer a professora a me deixar fazer o Trabalho de Conclusão do curso sozinha e isso me aliviou bastante.

O estágio era empolgante. A Enfermeira que coordenava os curativos sabia muito sobre feridas e suas coberturas e tentei “sugá-la” ao máximo. Fazia perguntas e pedia esclarecimentos sobre os tratamentos o tempo todo, e ela sempre me respondia com presteza. Aprendi muito com ela. E foi aí que realmente tive a certeza de que queria me especializar em tratamento de feridas. Tentaria uma Pós-graduação em Estomaterapia.

Enquanto isso, os pequenos granulomas que se formavam ao redor do estoma começaram a aumentar de tamanho. A ferida que havia começado, consegui controlá-la, mas os granulomas começaram a me incomodar.

14/08/07

E Enfermeira da empresa das bolsas que estava usando e me causando alergia esteve aqui em casa, tirou fotos do meu estoma, levou as fotos da ferida anterior, fez um relatório em que assinei e ficou de me mandar uma resposta. Queria ter um parecer técnico da própria empresa antes de “partir para a briga”. No fim de agosto/07 recebo um e-mail dela com os seguintes dizeres:

“Oi Alessandra, Tudo bem? A Enfermeira C. me repassou os seus e-mails relatando os problemas ocorridos. Estou muito ocupada, portanto, está difícil ter um outro contato com você pessoalmente. Sei que não é o ideal lhe passar por e-mail as ponderações que vou fazer, mas foi o meio que encontrei por agora para não deixar o tempo passar e sua pele piorar. Bem, em conversa com a YYYYY e ZZZZZZZZ, estomaterapêuta e assessora da nossa empresa com grande experiência em SP por vários anos, chegamos a algumas conclusões do seu caso:

1) Na Doença de Crohn é contra indicada a irrigação, pois o efluente tende a aumentar.

2) Com certeza, ocorreu a saturação do filtro e o mesmo não dá conta devido ao liquido do efluente mais água da irrigação.

3) A Bolsa RRRRRR estava dando certo, sugerimos o uso da TTTTTTT para proteção da pele, mas se analisarmos que o efluente é corrosivo somado a irrigação e a "adaptação" da manga sobre a base adesiva, o risco de ter uma durabilidade muito baixa é grande, conforme aconteceu.

4) Nenhuma pele consegue suportar este tira e põe de resina a cada 12 hs. Portanto, a irrigação neste caso, não traz nenhum benefício real se comparado a um colostomizado e sem doença inflamatória.

Alessandra, estamos aqui prontas para te ajudar, mas na sua condição atual, não é bom você continuar lesando a sua pele com trocas constantes de bolsa, seja ela de uma marca ou outra. O importante é você deixá-la descansar um pouco. Se você quiser eu consigo para você algumas TTTTTTTT, mas sem ficar insistindo na irrigação. Desculpa, mas eu tive que expor o que nós especialistas discutimos sobre o seu caso. Sabe o R. de Campinas? Pois então, ele tem ileostomia (sei que você tem Colo, mas o volume de efluente é maior em decorrência da DC), ele vive ativamente, faz de tudo. Você também consegue e faz. Tenta conviver sem a irrigação, talvez o fato de não ter mais a ferida já vai te dar um grande alívio. Desculpa Alessandra, em te falar tudo isso por e-mail. Amanhã se eu conseguir um tempinho, eu te ligo. Conte comigo. Gostei muito de você e acho que você tem força o suficiente.”

Fiquei indignada por ela usar a irrigação como desculpa para a irritação na minha pele, pois já estava sem fazer a mesma por um bom tempo. Resolvi então desistir da empresa e fazer os testes por conta própria.

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

63- Retomando... Julho/07

Olá a todos!

Peço desculpas pelo desaparecimento, mas foi necessário esse tempo para que eu me organizasse, tanto do lado de fora quanto do lado de dentro, se é que vocês me entendem...

Quanto à dor relatada no último post (nº 59), referente Junho/07, ela não voltou a acontecer. Relatei à minha Anja e foi só.

No dia da consulta, agora em julho/07, minha Anja solicitou uma Tomografia para avaliar uma possível hérnia na região do estoma. Felizmente não foi confirmada a hérnia e ela disse que eram alças do Intestino Delgado que migraram para baixo da colostomia, no espaço onde antes havia a parte do Intestino Grosso que foi retirada.

Neste mês ainda, havia agendado uma perícia com um médico da BHTrans para que conseguisse, de alguma forma, provar a ele que é complicado passar pela roleta do ônibus com uma colostomia e carregando bolsa e precisando segurar para não desequilibrar. Isso quando não tinha mais nada para carregar. Foi uma decepção só. O médico disse que a BHTrans só reconhece como deficiência física, a falta de um membro do corpo que seja VISÍVEL, o que não era meu caso. Achei um absurdo a BHTrans ir contra uma Lei Federal. Aliás, fiquei indignada. Mas foi uma batalha perdida. Espero um dia ter material para encarar novamente essa guerra, já que em alguns poucos Estados do Brasil, as Associações já conseguiram isso.

Quanto à minha pele ao redor do estoma, chamei uma enfermeira de uma marca de bolsa de colostomia que eu usava na época para registrar como estava essaa minha pele. Granulomas começavam a aparecer e a pele estava com indícios de novas feridas.


Entramos o mês de agosto/07 e essa empresa simplesmente disse, através de um e-mail, que não poderia me ajudar pois não havia comprovação de que o meu problema tinha relação com a bolsa da marca deles. Acontece que, quando retiramos as bolsas gratuitamente, nem sempre podemos escolher a marca. Na maioria das vezes pegamos aquela que tem e quando tem. Resolvi então correr atrás de um laudo que comprovasse minha suposta alergia àquela marca para entrar na justiça contra essa empresa. Já suspeitava que minha ferida anterior também aconteceu pelo mesmo motivo, pois na época do seu surgimento, usava a mesma bolsa. E sempre que usava a bolsa da marca concorrente a minha pele ficava ótima.

Primeiramente, procurei meu Plano de Saúde, indicada por uma professora do estágio, pois lá existe uma equipe de estomaterapia. Precisei ir lá 3 vezes para que, a cada visita, uma estomaterapeuta diferente visse o quadro, que já estava assim:


Dessa equipe, a única coisa que consegui foi um carta de encaminhamento a uma dermatologista específica. Diz assim:

“À Dra. XXXXX,

Solicito avaliação da Sra. Alessandra...., portadora de Doença de Crohn, submetida a colostomia definitiva há 18 meses. Apresentando dermatite na área Peri-ostomal de repetição SIC e fotos, após contato com a placa das bolsas DDDDDD. No momento mantém dermatite e início de ulceração sobre a cicatriz pré-existente. Em uso da bolsa DDDDDD. Há 2 semanas não realiza a irrigação.”

Então fui marcar consulta com essa dermatologista, que só tinha vaga para final de setembro/07.

Enquanto isso, as aulas na faculdade recomeçaram. Seria meu último semestre, pois consegui fazer, pela manhã, o estágio que deixei pendente em 2006, quando fiquei ostomizada, equivalente ao 7º período. E à tarde fazia o estágio do 9º período e não precisava ir, dia nenhum da semana, na faculdade. Claro que não seria fácil sair de casa às 6h da manhã e chegar somente às 18h, principalmente sendo ostomizada. Mas eu queria tentar e me formar logo. Tinha fé que iria conseguir...

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